quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O dobrar das horas


Horas dobram. Se quebram ao tic tac "Tictaquear". Universos em miniatura. Laboratório. Química. Eu não sinto a menor afinidade pelo permanganato de potássio. Conferindo horas, conferindo tabelas, concentração. "Não pense" "Não pare".

Talvez seja apenas o quarto homem da máquina agindo. Engrenagens, girando. Verificando fornecedores. Preenchendo tabelas. Periódicas. O meu tempo contado em períodos. Expediente. Quando seu corpo está em um lugar, sua alma em outro e sua mente em outro, decomposto. Solvente. Mexendo com produtos químicos, assimilando os símbolos das caixas. Adaptando.

Mas eu não sinto a menor simpatia pelo Metanol ou carbonato de estrôncio. Ja trabalhei com tanta coisa, ja viajei para tantos lugares, nao tanto quanto os que eu queria. Mas enquanto meu corpo trabalha, minha alma divaga e minha mente viaja nas horas.

"Qual a porcentagem do IPI?"

Dobrando as horas, o tempo, e eu sem sono, sinto sempre tão pouco sono. Não gosto de trabalhos onde eu permaneça estático, estagnação é minha pior inimiga. E enquanto o mecanismo move e verifica e preenche tabelas e orçamentos. Eu penso demais. Filosofar demais é problemático.

É as horas dobram, mas em qual sentido afinal? Neste brincar de palavras, neste brincar de retratos em frente aos meus olhos. Eldorado não está lá, nem tampouco passárgada. é pura brincadeira.

"Bem que eu queria estar falando sobre Tolkien agora" E o erlenmeyer se não fosse apenas um frasco de vidro talvez sorriria irônico para mim.

Tic tac tempo. Todos os dominós tombaram, segunda etapa, o silêncio. Nada de tambores agora, e eu posso ouvir os meus batimentos cardíacos, organismo, interligado, operacional e pensante.

Risca, pinta e projeta e a historia em quadrinhos toma forma, em quadros e compactos. Derretendo as horas jogadas dentro de um Kitazato.

"E o que fazer agora?"

"Não se preocupe. Eu sempre tenho um plano" E assim mensagens sao engarrafadas, decantadas, solvidas e sublimadas. Escritório. Tic tac. Relógio. Parede. Monitor. E eu sentado, organizando calado. Sem quebra-cabeças ou dominós.

Súbito algo de bom bombardeia o horizonte químico do meu cotidiano. É hora de abandonar os frascos, galões e tambores e trabalhar com algo pelo qual eu tenho não apenas afinidade ou simpatia, mas sim pura sintonia, eu não sei para o que o universo conspira, mas se ele nao conspirar, conspiro eu por ele, eu detesto a sensação de estagnar. É hora de sair do monitor. Meus agradecimentos especiais á Alexander Graham Bell, mesmo meu telefone sendo uma bosta.

"E ai quando eu começo?"

Está na hora de dobrar as horas. E eu estou muito feliz com isso.

Veni, vidi, vici. Atrás de cada horizonte, meus caros, se esconde uma aurora. A noite é apenas a noite. E que venham os leões.

"Honra e glória a todos os javalis" 4 ever.

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