segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Meu lugar no mundo (Parte 4)



Pare de ler aqui. Faça o contorno em Albuquerque ou em outro lugar qualquer de seu agrado. Ou simplesmente de meia volta. Não pise com desrespeito em solo sagrado. Alertas e placas. Lugares ermos, labirintos e becos sem saída.

Sem saída mesmo?

Ás vezes a estrada aparenta ruir abaixo de seus pés. E a sobrevivência é o que te move. Manter a mente calma, já me ajudou em muitas coisas. Ás vezes. Ás vezes foi pura sorte. Um Ás, um baralho. Jogos de cartas. Jogo de Xadrez.

Dominós colidindo. Sempre. ainda ouço seus ecos.

"O som não se propaga no vácuo"

Um trecho. Outro parte da estrada. Ela em si parece nem ser tao importante quanto as pessoas que conheci em seu caminho sinuoso e estranho. E eu que ja não gostei de gente um dia.

Cada pessoa uma caixa de surpresas. Boas ou ruins? Não...apenas surpresas, e fique feliz por isso. Antigamente eu achava que a humanidade era um caso perdido. Utilizando de uma optica bem darwinista. Um tipinho um tanto quanto insénsivel em muitos momentos. Quase rezando por um meteoro por um fim nisso. Fazer companhia aos dinossauros. Mas quando se muda um pouco a forma de ver, com um pouco mais de esperança, dosada com algumas gotas de razão..."Ei eu disse que não existem fórmulas". "Ok me desculpem". Mas enfim para mim
funcionou. Prisma.

Cena do passado.

Quando eu era criança eu caminhava pela estrada de ferro aqui próxima onde moro, havia menos muros na época. Eu percorria sempre para ir para a escola. Vez ou outra alguém se machucava ou mesmo morria. Algumas lembranças ficarão estampadas para sempre na minha cabeça. Trilhos. Tempo.Vida.

Todos somos um grande composto de células e lembranças.

O barulho do trem, era um pequeno trovão metálico e os trilhos tremiam conforme ele chegava, mas antes disso eu sempre lembro do voo dos pássaros que praticamente acompanhava o tremor. Pássaros.

Meu lugar no mundo, meu lugar na estrada, talvez trate-se de onde eu quero estar. Agora. Onde eu quero estar. Em movimento. Querer estar através das horas, minutos, segundos. Cronometro.

Manter a calma, nem sempre foi uma característica minha, isso eu aprendi de formas estranhas. "Não importa o que aconteça, continue respirando". Essa frase dita por um amigo anos atras continua sendo meu mantra pessoal.

Tempo. E a vida passa através de seus olhos. O sabor do próprio sangue se esvaindo enquanto sua consciência luta para se manter e sua vida tenta um nadar rubro e pulsante, enquanto se afoga em si.

Certos eventos servem para mudar seu prisma. Tirar dos trilhos. Mudar a linha. trocar estação. Sintonia. E naquelas cenas rápidas de vida, o cada segundo era abraçado com a intensidade do trovão.

Eu lembro da UTI, e de nao ter forças para falar.

Lembro de um olhar. E de eu me esforçar para fazer parecer que tudo estava bem, quando eu sabia, que nada mais ali eu fazia alem de brincar de equilibrista na linha da minha vida. Nem sempre a fotografia sai boa. E eu comecei a observar as enfermeiras ao longo de seus turnos, como pessoas. Algumas gostavam de sua profissão outras claramente não. Eu me sentia um tamagoshi ligado em aparelhos. Me equilibrando em um sopro de vida.

Viver vicia meus caros, quanto mais voce vive, mais voce quer. E quanto mais ao fim da linha você se sente, parece que com mais força voce quer abraçar ela. Foi assim comigo. Eu precisei sair dos trilhos para voltar a estrada. e perceber que pode haver um pouco mais de esperança nas pessoas. E que muito do que valorizamos é uma mera fuga ilusória daquilo que nao sabemos que nos faz falta.

E isso me remete a uma tirinha que li hoje. Interludio, ludico... de tempo.

Tic. Tac. Pulso.

Aparelhos ligados indicando que meu coração ainda bate.

"Não importa o que aconteça, continue respirando..."

E assim vou seguindo na estrada e esta historia nem sequer terminou por aqui. Talvez ela me ajude a entender em algum momento.

Esperança é o melhor murro na cara. Levante. Respire. Continue andando se chegou até aqui. Nem toda lição é suave. Sussurrada ou riscada na lousa.

Onde quero ir? Qual o meu lugar no mundo? Tudo faz mesmo algum sentido em algum momento? Ar. Respira. Existe uma forma e uma velocidade certa. Para tudo? Pare tudo!Outra hora eu continuo.



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