sábado, 14 de janeiro de 2012

Meu lugar no mundo (Parte 2)


Estradas. Tantos lugares onde estive. Tantos pensamentos transbordando pelos poros. Tantas horas. Tempo. Cronometro. A linha da vida contada em letras e lembranças. Memórias. Cada ponto que se liga na historia. Ao longo dos rumos. Portos. O som do mar, o sopro do vento, a terra pisada. O murro na cara. Onde eu quero de verdade estar? Onde se quer estar quando não se sente ser parte de nada de fato?

Perseguindo uma nova alvorada, perseguindo o horizonte, a linha na minha mente parece não findar, mas basta olhar um pouco acima. Uma lua. Estrelas. Onde eu quero estar? Onde não posso estar?

Dormir ao relento ao luar, dormir na estrada. Ver as luzes das estrelas na varanda de uma cidadezinha pequena, perdida no mapa? Onde? Um ponto qualquer. Um ponto de vista. Um ponto e pronto. Carta solta no baralho, é mais que uma simples alegoria que dança além das metáforas, é um sentimento.

"...Só sei que não vou por ai..." Nem astronauta, nem andarilho, apenas mais um angustiado. Desenho, escrevo, faço pinturas, mas nada disso me define. Toda definiçao prende, restringe. Podemos de fato ser livres? Ou a liberdade é a mais tortuosa de todas as ilusões que abraçamos ao longo de nossa estrada? Quero escolher meu lugar tomando meu destino de volta em um campo de batalha que fosse, ao invés de fazer tal escolha por mero cansaço. Odeio comodismo. Respostas prontas. Formulas inquestionáveis. Tudo isso me desagrada. Eu sou assim inconformado.

O tempo tritura as areias. A chuva bate em minha janela. O vento sopra e minha mente vai longe. Coração e razão, sempre vão estar numa queda de braços. Mudando a regra do jogo a cada instante.

Um querer em queda livre.

Devaneios alterados de tempo. Qual minha parte nisso? Onde me encaixo? Algum dia me sentirei de verdade parte de algo? Ou é essa inquietude corrosiva que me move? E fazer parte de algo seria como aceitar um ponto da estrada. Abandonar a nave. Descer do "Treiler"? Fixar morada?

Meu (Posse) lugar (ponto onde quero estar) no mundo (indicativo de lugar fisicamente viável de estar por falta de maiores escolhas tendo de me contentar com um farelo de cosmo tão rico em possibilidades) . Definições, cada babaca tem a sua. E ninguém é dono da verdade. Nem eu.

Não esperem respostas prontas. E nem quero de ninguém tais respostas, prefiro pessoas que me tragam mais perguntas que respostas. As perguntas são nosso moto-contínuo temporal. Engrenagens. Tic tac, tempo. Luzes. Textos quebrados e peças soltas. Como tudo isso se encaixa?

"Qual o meu lugar no mundo?" giram as engrenagens do tempo, mensagens, que mais parecem miragens a escapar no horizonte, etéreas...mensagens como brumas, mensagens como tambores.

Tambores de guerra? Sempre, pois a guerra habita em meu ser e a paz de espirito que tanto busco, correndo através dos horizontes , correndo rumo a cada nova alvorada, correndo em direção as ultimas luzes de Eldorado, com cada simples gota de folego, Perseguindo o amanhã. Obstinadamente. A paz de espirito sempre escapa por entre meus dedos como grãos de areia que não posso conter por muito tempo. Eu sinto o tempo na ponta dos dedos. Na corrida contra ele. Ar. Pulmão. Corrida. Cada fibra do meu ser.

O ritmo certo da respiração, a forma certa, a hora exata. Corrida de explosão. Há tantas coisas que uma pista pode ensinar. Apoiar os pés sobre o bloco de largada, aguardando o sinal. Tecnica. Estrategia. Tempo. Memória. Correr e sentir cada parte de seu pulmão. Qual o objetivo disso? Onde quero estar?

"Eu me recuso a escolher meu lugar no mundo, por mero cansaço" e "Lar", meus caros leitores sempre será ate o que este presente indica, uma palavra estranha para mim.

Existe em algum lugar um porto a se chegar de fato?

Tic

Tac

Tempo...e os relógios respiram e param por breves instantes aguardando o disparo da largada, com seus pulmões metálicos de horas liquidas. "Meu lugar no mundo" uma frase solta na eletricidade da mente. Rodas na estrada. Horizontes e amanhãs com cheiro de orvalho. O sopro do vento nas embarcações dos nefelibatas, buscando novas alvoradas para Eldorado.

"Meu lugar no mundo". Uma carta solta no baralho.

Uma canção esquecida na estrada, que as horas carregam em seu rio, correnteza, cachoeiras, estepes, pradarias, vulcoes, geleiras, neves, florestas, cidades, desertos, alvoreceres, tempo. "Meu lugar no mundo". Clic...



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