quarta-feira, 10 de junho de 2009

Enquanto isso no calabouço.

Eu não sei descrever se é dor o que sinto.Sinceramente algo ja esta quebrado faz anos.Nunca tantos fantasmas vieram me visitar sem hora marcada.
Jogos de cartas marcadas.
Se eu bater os grilhões contra a parede com toda força, sei que eles vão quebrar uma hora, mesmo que meus ossos quebrem antes.
Antes da hora.
A chuva la fora martela em conta-gotas.Algo esta revirando meu estomago.Detesto o ponteiro que gira sem pedir permissão para invadir meu território.To cansado de pensamentos.Eles podiam calar sua boca e me deixar em paz.Ir para algum lugar bem longe, não voltarem mais.
Eu preciso de cinco minutos de eutanásia.Mas só de mentirinha.E acordar respirando de novo.Falta de ar, agora.Certas situações são assim.To alucinando.Vendo coisas.A luz do fim do tunel poderia ser uma borboleta.Se não fosse aço e madeira e som incessante.
Eu to arrancando as pedras do calabouço.Cavando um silencioso tunel de escape.Mas meus fantasmas poderiam calar a boca, isso ajudaria bastante.To cansado.Mas eu não desistoSou o filho da puta mais persistente que você ainda não conheceu.Nem conhecerá.
To cansado de fantasmas eles poderiam simplesmente calar a boca e partir.Mas eu detesto o silêncio, mais do que tudo eu odeio com todas as forças o silêncio, talvez por isso eles recusem-se a partir.
A partir de agora é outra historia.
O tempo dança enquanto chove.Existe o chá das nove?Certos sonhos doem como navalhas.Velhas novelas esquecidas.Se não faz sentido para você ai?Porque continua lendo?Foda-se.Isso aqui é um calabouço.E eu vou cavar uma saida.Vai doer pois pedra contra carne é como papel versus tesoura.Mas ainda é melhor de três.Vocês vão ver, ou não vão ver.Vocês fantasmas.
Eu sempre me virei sozinho.Não seria agora que algo seria diferente.Eu tenho couro ao invés de pele.Eu tenho uma alma afiada.Tenho cascos com ilustres ferraduras lustradas.Eu sempre quis um pouco de paz de espirito, mas não vende no supermercado, nem no submarino ou mercado-livre."Deus me livre!"..."Deus, me livre de idiotas".Deus é só uma cerveja cara.
"Cara, Deus é só uma cerveja!"
Eu quero vomitar minha alma para fora e dar uma limpada nela.Deixar ela na chuva pegando um vento, fazendo a água correr.Ela pegaria pneumonia?
Fantasmas e calabouços e eu aqui alucinando um sonho revolto.Envolto em brumas com um certo amargor com toque de cacau.Se eu vomitasse minha alma, eu enxergaria melhor onde estão as feridas?Os fantasmas iriam embora, me deixariam em paz?To cansado.
Mas eu ja cavei uma saida do calabouço.E sinto a chuva como alcool em sangue velho e pisado.Aos poucos percorro o caminho pela pele e abro aquela chaga mal curada, sequelada, deixo o pus sair.Ja não sei se sinto dor.Apenas o torpor da chuva e seu som batendo na janela que se abre.E eu aqui cansado continuo ouvindo velhos fantasmas que insistem em não se calar.
Preciso de ferias da minha própria mente.Nada que cair na gandaia não resolva.Sempre haverá um amanhã, quer você esteja nele ou não.O amanhã independe de nós.Por isso eu vivo o hoje, embora o ontem muitas vezes me assombre nas noites escuras frias e chuvosas no calabouço.
Eu vou puxar esses goblins pelas orelhas quando eu encontra-los.minha cabeça gira.meus ossos rangem e o tempo contorce meus pensamentos.Eu jamais desisto de qualquer coisa sem lutar, sou péssimo na arte de jogar a toalha, por mais que eu sinta o sabor do meu sangue.Até os mais fortes se cansam um dia.Mas esse dia nem é hoje.Por mais que meus fantasmas insistam que o seja.
Persistir.Perseverar.Paciencia.
Muitas pessoas confundem meu autocontrole com indiferença.Algumas vezes por mais quese sinta a dor é preciso evitar fazer careta."Caminhe calmamente e dirija-se para a saida de incendio mais próxima".Mas nem sempre é assim.

Um comentário:

  1. Estou me sentindo exatamente assim..tb detesto o silêncio, ficar só comigo mesma é um horror..aí procuro um monte de coisas pra fazer, converso, até dou risada, a pior hora é a de dormir, colocar a cabeça no travesseiro é uma tortura....

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